domingo, 25 de novembro de 2012

23 - Para superar o vazio existencial

Realizar algo de bom para a sociedade nos dá satisfação 
e orgulho, motivando a nossa existência
A maioria dos homens não se conforma com o fato da sua existência terminar totalmente no momento da morte. Não consegue aceitar, também, que a sua existência surgiu do puro acaso, assim como a de qualquer árvore ou inseto. Por isso, acreditam num Deus, que criou a humanidade e que criou, também, um destino maior para cada ser humano, mesmo depois da morte.
Quem, porém, não acredita em vida eterna e na existência divina, pode ter o sentimento de vazio existencial. A sensação da própria inutilidade e insignificância e de desânimo na vida, já que não há um objetivo para ela.
A solução para esse problema está na escolha de belos objetivos capazes de motivar a pessoa a buscar algo que lhe dê satisfação e orgulho.
Tenho um amigo que gosta muito de carros, principalmente de carros antigos. Durante anos ele compareceu há inúmeros encontros de proprietários e apreciadores desses veículos. Como ele é muito comunicativo, fez grande amizade com muitas dessas pessoas, inclusive dos organizadores desses eventos. Passou a colaborar com alguns deles e, finalmente, animou-se a realizar um encontro do gênero na sua cidade. Foi um grande sucesso. Milhares de pessoas compareceram ao evento e se encantaram com ele. Meu amigo está agora empenhado em organizar a segunda edição do mesmo evento e tem o apoio de muitas pessoas da cidade que se impressionaram com a beleza e o sucesso do evento.
Meu amigo se sente muito feliz e orgulhoso com isso e, realizar o encontro de carros antigos na sua cidade tornou-se um objetivo de vida para ele. 
Assim, com objetivos e metas desse tipo, as pessoas se sentem desafiadas, motivadas e gratificadas. Cumprir um papel na sociedade, contribuindo para o seu progresso e bem estar é uma forma de eliminar o sentimento de vazio e viver de forma mais digna e feliz.

22 - Mudança de hábitos

Criar em casa um ambiente que nos seja propício é um dos requisitos para a vida feliz
Aos 73 anos, fragilizado por algumas doenças graves e outros tantos amores desfeitos, o comunicador Paulo Sant'Ana procurou transmitir uma lição de vida na sua coluna do jornal Zero Hora. Sob o título A Solidão, ele discorreu sobre a necessidade de deixar de ser acomodado e fazer mudanças, para viver melhor. 
"... a principal mudança que, vejo, me favoreceria grandemente é que preciso aprender a ser só. Isso no sentido de que a maioria das minhas encrencas acontece porque me atiro desesperadamente a fazer certas coisas para não ficar quieto num canto, lendo um livro, praticando natação.
Nada disso. Eu me impaciento e saio para cometer bobagens e coisas que causam danos.
Nunca aprendi a ter paciência. Eu tinha de fazer ioga, meditação, tinha de aprender a ter paciência e não me exasperar com a solidão. Todo meu defeito reside em que me recuso a me encontrar comigo próprio. Eu fujo de mim e, sendo assim, procuro prazeres que, muitas vezes, se tornam vícios. E, sempre que fujo de mim, me arrebento nos rochedos rudes da minha impaciência.
Acontece que a gente tem de se acostumar, muitas vezes, com o tédio. O tédio e a tristeza são componentes da vida. Não dá para querer driblá-los. Isso nos leva a cometer desatinos.
No meu caso, tecnicamente, não consigo ficar em casa. Acho que na rua tem coisa melhor.
Eu me lembro de quando cantava em bares musicais e atingíamos, os que cantavam e os que ouviam, determinados êxtases. Então, eu falava à platéia: "Quero dizer a vocês que, com absoluta certeza, aqui onde estamos está muito melhor do que na nossa casa." As pessoas me aplaudiam, mas isso fazia com que passássemos a detestar as nossas casas.
E, na verdade, um dos segredos da nossa existência é criarmos em nossas casas um ambiente  que nos seja favorável. 
É um segredo buscarmos, e acharmos, prazeres dentro da solidão do nosso lar."

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

21 - Paradoxo aparente


O paradoxo de Charles Bokowski
"O problema do mundo de hoje é que, enquanto  as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, os idiotas estão cheios de certezas." 

Essa frase, do escritor Charles Bokowski, expressa muito bem uma idéia de grande importância. A de que nunca podemos ter absoluta certeza em qualquer afirmação que fizermos.

A pessoa inteligente está consciente disso e expressa suas opiniões ou presta informações com cautela. Muitos idiotas, apesar de saberem muito menos que o inteligente, se expressam com firmeza e veemência, mostrando uma convicção que, na verdade, não é fundamentada.

O problema, conforme disse muito bem Bukowski, é que através da retórica inflamada e usando de apelos demagógicos, o idiota tem mais chances do que o sábio de convencer uma pessoa ingênua. Ao ignorante, não satisfaz uma opinião ponderada, que admite a possibilidade do erro. A mente obtusa não consegue trabalhar com possibilidades, probabilidades, ponderações. Quer que lhe seja oferecido um caminho único e infalível, mesmo que não haja nenhum fundamento razoável para se crer que ele seja verdadeiro.

Foi assim que Hitler e outros líderes políticos de poucas luzes conseguiram fazer com que populações marchassem cegamente para o abismo. Milhões fizeram isso cheios de convicção, inspiradas pelas palavras dos seus líderes.

A frase de Bukowski, portanto, não mostra um paradoxo.  O que ela nos ensina é que devemos duvidar daqueles que nos falam com se tivessem absoluta certeza das coisas. E a crer mais nos que admitem poder estar errados. É muito mais seguro seguir a orientação de uma pessoa inteligente (mesmo que ela não garanta a certeza absoluta) do que a de um idiota, cujas certezas firmemente afirmadas têm, na verdade,  enorme chance de serem errôneas.

Bokowski erra, entretanto, ao situar essa situação como sendo característica do "mundo de hoje". Esse sempre foi um grande mal da humanidade e foi mais no passado do que de hoje. Como ele nasceu em 1920, conheceu tenebrosos períodos de guerra e miséria.  Pode ser que ele escreveu tal frase num período assim (quando, realmente, essa situação se acentua).  Como a humanidade evolui, normalmente, o mundo de hoje é mais civilizado, mais inteligente e mais feliz do que o mundo de ontem.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

20 - A prisão de Monteiro Lobato


A exemplo do que aconteceu com Bertrand Russel, em 1916, Monteiro Lobato também foi preso, por expressar o seu pensamento. Ambos estavam com a razão. Mas, como disse o filósofo Ésquilo, 500 anos antes de Cristo, "na  guerra, a primeira vítima é a verdade" e, é claro, os segundos são aqueles que insistem em ficar ao seu lado.





Monteiro Lobato é o mais influente intelectual brasileiro. Genial, ele foi particularmente brilhante na sua obra dirigida às crianças. Usando palavras simples, prosa agradável, sem enrolar nem esnobar, ele ensinou e inspirou milhões de crianças. Era um idealista. Tentava contribuir para o progresso do país e, para isso, fundou uma editora, escreveu livros, moveu montanhas para elevar a cultura dos brasileiros.
Acreditava que havia petróleo no Brasil, coisa que a maioria duvidava e tentava sensibilizar o governo quanto à necessidade de incentivar as pesquisas nesse sentido.
Em 1941, ele enviou uma carta ao então presidente, ditador, Getúlio Vargas fazendo críticas à política brasileira de exploração de minérios.  Foi preso pelo general Horta Barbosa, que presidia o Conselho Nacional do Poetróleo. Curiosamente, mais tarde, o general tornou-se um defensor do monopólio estatal do petróleo, sendo um dos líderes da famosa campanha "O Petróleo é Nosso".
Lobato foi condenado a seis meses de prisão sem direito a banhos de sol, mas ganhou indulto depois de três meses. Sobre o episódio, Lobato escreveu:
“Depois que me vi condenado a seis meses de prisão, e posto numa cadeia de assassinos e ladrões só porque teimei demais em dar petróleo à minha terra, morri um bom pedaço na alma. O pior foi a incoercível sensação de repugnância que desde então passei a sentir sempre que leio ou ouço a expressão ‘Governo Brasileiro’…” 
Durante a Primeira Grande Guerra, Bertrand Russel ficou preso por seis meses e, na prisão, escreveu um dos seus livros mais admirados. As prisões inglesas, provavelmente, não eram tão deprimentes quanto as brasileiras.




terça-feira, 6 de novembro de 2012

19 - Pensamento instigante

Lançado em 1939, o filme Branca de Neve teve tremendo impacto na cultura mundial
Perguntado se considerava a si mesmo um gênio, Orson Welles disse:
"Gênio é coisa escassa. Eu conheço dois: Walt Disney e Albert Einstein"
Dentro dessa mesma visão, não é absurdo considerar que Monteiro Lobato foi o maior e mais influente escritor brasileiro. 
Lobato, em um de seus principais livros dirigidos ao público infantil,  também impressionou-se com a importância do filme Branca de Neve exaltou a genialidade de Walt Disney, 
O filme de animação colorido e em longa metragem, lançado em 1939, teve impacto mundial, atingindo principalmente o universo infantil, mas também a memória da infância que resta em cada pessoa adulta. O filme, colorido e de longa duração, levou três anos para ser realizado e impactou a humanidade com sua beleza, graça e imaginação. Muito difícil de ser realizado, considerando-se os recursos disponíveis na época, a obra foi revolucionária e teve enorme influência na formação de centenas de milhões de crianças que o assistiram na época (e por muitos anos depois).
Sem a presunção do academicismo, criadores como Disney e Lobato contribuem muito mais para a evolução da cultura humana do que pensadores empolados que tentam impressionar as pessoas com escritos herméticos e metafísicos.