quinta-feira, 26 de julho de 2012

7 - Drauzio Varella, sobre a tolerância religiosa

O doutor Drauzio Varella tem coragem de pensar diferente da maioria e de expressar o seu pensamento
A liberdade e a inteligência são valores fundamentais. Dá gosto de ver um homem inteligente se expressando livremente. Ninguém é obrigado a concordar com ele.  Mas todos têm o dever de respeitar o seu direito de expressar-se. 


Exemplo de inteligência, e coragem de expressar-se contrariando opiniões majoritárias, o doutor Drauzio Varella, médico e escritor renomado, é alguém que vale a pena ouvir-se:

http://www.youtube.com/watch?v=Rgi--eI4P5U&feature=fvwrel

quarta-feira, 25 de julho de 2012

6 - Teoria da Evolução -

A teoria criada por Charles Darwin representou um extraordinário avanço para a compreensão da vida
A teoria da evolução começa bem, já pelo seu nome. Ela reconhece ser apenas uma teoria. Ou seja, seus defensores não afirmam que suas teses sejam verdades absolutas, sobre as quais não pode se fazer críticas ou levantar dúvidas.
Foi desenvolvida por Charles Darwin, depois de uma viagem de cinco anos, num navio a vela, ao redor do mundo. Durante ela, Darwin observou a vida dos animais em todos os continentes e nos mais diversos países. E dessa observação  surgiu a teoria que revolucionaria o pensamento mundial.
A tese defendida por ele é a de que os seres vivos evoluem ao longo do tempo e de que essa evolução se dá através da seleção natural e sexual.
A genialidade de Darwin está em que ele conseguiu perceber a existência da evolução a partir da observação daquilo que existia na natureza na época em que ele a observou. Os animais e vegetais evoluem lentamente, ao longo de milhões de anos. Assim, homens e chipanzés tiveram ancestrais comuns, há muitos milhões de anos. Uma espécie de primata da qual evoluíram tanto os homens de hoje como os símios atuais.
Apesar de poder embasar as suas conclusões em longo e árduo estudo, Darwin nunca afirmou que elas eram verdadeiras. Ele apresentou ao mundo a hipótese de que as coisa acontecem assim na natureza e foi assim que surgiu a diversidade de animais e plantas que existem no mundo. Por isso a ideia é apresentada como sendo uma teoria. Mas o fato é que, hoje, passados 150 anos, essa ideia só se fortaleceu, sendo aceita pela quase totalidade dos cientistas. Isso porque milhares de observações feitas por eles foram confirmando e consolidando a teoria de Darwin como melhor explicação para aquilo que se observa hoje no mundo animal e vegetal.

MUTAÇÃO GENÉTICA
Muito importante para a compreensão da teria da evolução é o conceito da mutação genética. Os pais geram os filhos e transmitem a eles as características do ser humano. Uma cópia fiel das características que eles mesmos herdaram dos seus antepassados.  Mas ocorre, ocasionalmente, que a cópia, apresenta um erro e o filho nasce com alguma característica diferente. Uma característica nova dentro da espécie. Pode acontecer, por exemplo, que essa pessoa nasça com cabelos verdes. Ou que nasça com os pés para trás.
Por serem erráticas (casuais), as mutações quase sempre são prejudiciais. As pessoas, animais ou vegetais que as herdam ficam em desvantagem no enfrentamento da vida e, por isso, geralmente, não conseguem se reproduzir e a mutação ocorrida não tem prosseguimento. Como o mutante não se reproduz, a mutação desaparece.
Nos raríssimos casos em que a mutação resulta de benefício, o herdeiro dessa característica consegue se reproduzir e a mutação se dissemina. E assim vai ocorrendo o processo de evolução da espécie. Mas isso acontece de forma tão lenta que fica difícil perceber.
No México, ocorreu uma mutação que fez com que um filho de um casal normal tivesse rosto coberto de pelos. Essa característica não chegou a ser benéfica para ele. Mas o menino, que era inteligente e amável, cresceu e teve filhos e a característica foi transmitida. É, portanto, um caso de mutação genética. Mas não de evolução da espécie, uma vez que a característica surgida não chegou a trazer vantagem para os seus portadores.

SELEÇÃO NATURAL
Ao longo de milhões e milhões de anos, porém, esses acidentes genéticos chamados de mutação vão proporcionando a evolução das espécies devido à seleção natural. Indivíduos que, através de uma mutação, ganham uma característica vantajosa, se reproduzem e geram outros indivíduos com a mesma característica e, como ela é vantajosa, essa família se destaca e prolifera mais que as demais da sua espécie.

UMA BOA EXPLICAÇÃO
Essa é, em resumo, a teoria criada por Darwin. Ela é simples, mas foi duramente combatida porque contraria a narrativa contida na Bíblia, segundo a qual Deus criou os animais, as plantas, o homem e tudo mais em sete dias.
Os primeiros evolucionistas foram duramente perseguidos e, ainda hoje, muitas pessoas condenam a teoria da evolução como algo que contraria a palavra de Deus. Entre as pessoas cultas, entretanto, a teoria da evolução é aceita atualmente como a melhor explicação para o surgimento das espécies com a sua admirável diversidade.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

5 - Esses moços

Esses moços é um alerta para os que se entregam ao amor sem a necessária moderação proporcionada pelo uso da razão

"Esses moços" é um clássico da música brasileira. Seu compositor, o gaúcho Lupicínio Rodrigues, era pessoa humilde, mas de extraordinária inspiração poética, capaz de uma visão extremamente original e criativa. Além de tudo, era um sábio, como demonstrou na sua composição Esses Moços. Em palavras simples, Lupicínio expressa grandes verdades sobre a vida.
Escute em: 


Vale a pena analisar essa letra:

Esses moços, pobres moços,
Ah! Se soubessem o que eu sei.
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei.
Por meu olhos, por meus sonhos,
Por meu sangue, tudo enfim;
É que peço
A esses moços
Que acreditem em mim.
Se eles julgam que a um lindo futuro
Só o amor nesta vida conduz,
Saibam que deixam o céu por ser escuro
E vão ao inferno à procura de luz.
Eu também tive, nos meus belos dias,
Essa mania e muito me custou.
Pois só as mágoas que trago hoje em dia
E estas rugas o amor me deixou.
Esses moços, pobres moços
Ah! Se soubessem o que eu sei.
Não amavam, não passavam
Aquilo que já passei.
Por meu olhos, por meus sonhos
Por meu sangue, tudo enfim.
É que peço,
A esses moços,
Que acreditem em mim.

Em palavras simples, Lupicínio apresenta uma instigante reflexão sobre o amor e as suas consequências.

Basicamente, o fato de que a atração sexual não existe para levar as pessoas à felicidade, mas sim à procriação.

Mas também é fato que a paternidade e a maternidade não são ruins. 
Portanto, não há porque deixar de desfrutar o prazer do sexo e da geração de filhos.

É verdade que, ao fazermos tais coisas, não somos movidos pela razão e pela conveniência racional. Mas amar e ter filhos faz parte da natureza humana e não temos como ser diferentes daquilo que é a nossa natureza. A experiência humana não indica que é mais feliz quem reprime seus instintos e renega o amor pelo companheiro ou companheira e pelos filhos.

Mas não há dúvida de que, ao sermos movidos pela paixão, nos expomos a grandes riscos. Muitos se perdem por isso. Há que temperar a nossa entraga à paixão com a cautela racional.

É aos que se entregam à paixão sem reflexão alguma, que Lupicionio se refere na sua bela composição. A letra leva o perigo de amar a um exagero. Amar, com um pouco de prudência, pode ser bom e saudável. 

Mas vale o alerta. Assim como beber vinho pode ser danoso, se o consumo for excessivo;
o amor também pode ser prejudicial, caso a pessoa se entregue a ele de forma incontida e irresponsável. Consumido na dose certa, o vinho é saudável e embeleza a vida. O amor, da mesma forma, pode ser um grande bem para aqueles que sabem temperá-lo com uma suficiente dose de bom censo.

4 - Ensaios Céticos

"Onde quer que haja poder, há uma tentação de encorajar a credulidade naqueles que estão submetidos a esse poder"


É difícil determinar uma coisa assim. Mas, o filosofo inglês Bertrand Russel foi, provavelmente, o homem mais sábio que já viveu. 
Foi bastante reconhecido. A ponto de receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1950. Premiação um tanto estranha, pois a sua obra literária não é de ficção ou poesia, como normalmente são os ganhadores dessa premiação. Ele era, essencialmente, um filósofo. Verdade que um filósofo diferente dos demais, pois escrevia muito bem, de forma agradável e compreensível. Era intelectualmente generoso. Dedicou-se a melhorar o mundo e ensinar aos outros o que teve a oportunidade e a capacidade de aprender. Teve uma longa vida saudável.
A coleção Nobel, editada no Brasil com obras de ganhadores do Nobel, selecionou, para representar a obra de Russell, o livro Sceptical Essays (Ensaios Céticos), editado em 1928. Escolha muito feliz, pois se trata de uma obra prima do escritor. Além de mostrar os fundamentos do pensamento de Russell, ela apresenta exemplos de aplicação do método russelliano para a copreensão da vida individual e da sociedade humana.
Começando pelo magistral primeiro parágrafo, o livro iluminou a mente de milhões de pessoas pelo mundo a fora.
Vamos reproduzir aqui esse parágrafo, que merece ser lido e relido muitas vezes, bem como alguns outros que o sucedem e que nos ajudam a compreender melhor a revolucionária proposição de Russell. 


Introdução: Sobre o Valor do Ceticismo



Eu gostaria de propor à consideração favorável do leitor uma doutrina que, temo, poderá parecer tremendamente paradoxal e subversiva.
A doutrina em questão é a seguinte: não convém acreditar numa afirmação quando não existe nenhuma base para supor que ela seja verdadeira.
Devo admitir, é claro, que se tal opinião for aceita pelas pessoas, poderá transformar completamente a nossa vida social e o nosso sistema político.
Como ambos, atualmente, são impecáveis, isso pesa contra a doutrina que proponho.
Estou também consciente (o que é mais grave) que isso poderia causar diminução na renda dos videntes, das loterias, bispos e outros que ganham com as esperanças irracionais daqueles que nada fizeram para merecer a felicidade nesta vida ou na outra.
Apesar dessas sérias objeções, sustento que a minha estranha proposição tem algum fundamento e vou tentar demonstrar isso a seguir.




Antes de mais nada, quero me resguardar contra a ideia de que sou um homem de posições extremadas.
Eu sou um wigh liberal britânico, com a inclinação britânica pelo acordo e a moderação.
Conta-se uma história sobre Pirro (1), fundador do Pironismo (nome que antigamente se dava ao ceticismo).
Ele afirmava que nós nunca sabemos o suficiente para afirmar que uma forma de agir é mais correta do que outra.
Na sua juventude (2), quando ele estava fazendo um passeio, viu seu professor de filosofia (do qual ele havia aprendido seus princípios) com a cabeça presa numa valo, sem conseguir se soltar.
Depois de analisar a sena por algum tempo, ele seguiu no seu passeio, pois considerou que não havia fundamento suficiente para pensar que seria bom libertar o velho professor.
Outros, menos céticos, efetuaram o socorro e censuraram Pirro pela sua falta de coração. 
Mas seu professor, coerente com os seus princípios, o elogiou pela sua coerência.
Eu não defendo um ceticismo assim tão heróico.
Admito as crenças geralmente estabelecidas pelo senso comum (3), na prática se não na teoria.
Admito qualquer resultado da ciência que já esteja bastante confirmado, não como algo certo, mas como suficientemente provável para servir de base à ação racional.
Se é anunciado que haverá um eclipse da lua em determinada data, eu penso que vale a pena olhar se ele está acontecendo.
Pirro teria um pensamento diferente. Sendo assim, considero justo afirmar que eu advogo uma posição de meio termo (4).




Existem assuntos a respeito dos quais aqueles que os investigaram estão de acordo. A data dos eclipses é um exemplo disso.
Existem outros assuntos a respeito dos quais os especialistas divergem.
Mesmo quando todos os experts estão de acordo, eles podem estar errados. 
A ideia de Einstein quanto à magnitude da deflexão da luz pela gravidade, embora tenha sido rejeitada por todos os especialistas, acabou sendo provada cientificamente.
Mesmo assim, a opinião dos experts, quando ela é unânime, pode ser aceita pelos não-experts como mais provável de estar certa do que a opinião oposta.




O ceticismo que eu defendo resume-se a isto:
1 - que quando os experts estão de acordo, não se pode afirmar que a opinião oposta seja certa; 
2 - que quando eles não estão de acordo, nenhuma opinião pode ser considerada certa pelo não-expert; e 
3 - que quando todos eles afirmam que não há base suficiente para firmar uma opinião sobre o assunto, o homem comum fará bem se não fizer julgamento algum.
Estas proposições podem parecer irrelevantes. Porém, se for adotada, ela pode revolucionar totalmene a vida humana.


As opiniões pelas quais as pessoas estão dispostas a lutar e perseguir pertencem a um das três classes que esse ceticismo condena.
Quando há base racional para uma opinião, as pessoas contatam-se em emiti-la e as usam para orientar suas ações.
Nesses casos, as pessoas não sustentam suas opiniões com paixão; elas as defendem calmamente, e argumentam em favor delas com serenidade.
As opiniões defendidas com paixão são sempre aquelas para as quais não existe um bom fundamento. Na verdade, a paixão é o termômetro da falta de racionalidade de quem as emite.
Opiniões sobre política e religião são quase sempre defendidas passionalmente.
A não ser na China, um homem é considerado uma pobre criatura a não ser que ele tenha convicções fortes nessas matérias. Os céticos são mais odiados pelos homens comuns do que aqueles que defendem apaixonadamente opiniões diferentes das suas. 
Considera-se que as necessidades da vida prática requerem opiniões sobre essas questões, e que, se no tornássemos mais racionais, a vida em sociedade seria impossível.
Eu acredito no contrário disso e vou tentar esclarecer porque eu tenho tal crença.


1 - Pirro de Élis, filósofo grego antigo, defendia a idéia de que devemos desconfiar de todas crenças, pois não se pode afirmar que alguma delas seja inteiramente verdadeira.
2 - Lá pelo ano de 340 antes de Cristo.
3 - Senso comum é o conhecimento adquirido a partir de experiências, vivências e observação do mundo. É uma forma de conhecimento popular. Se caracteriza por conhecimentos empíricos (obtidos pela simples observação e não pela pesquisa científica) acumulados ao longo da vida e passados de geração em geração.
4 - O meio termo é um estado considerado o ideal, para Aristóteles. Todos os excessos são considerados vícios. Excesso de coragem, por exemplo, é a temeridade. A falta de coragem é covardia. Ambas são consideradas vícios. É preciso buscar o equilíbrio, que é a virtude, ou seja, a coragem em si, num meio termo entre o excesso e a falta.