sábado, 29 de setembro de 2012

9 - As mentiras que pregamos em nós mesmos

As piores mentiras são aquelas que pregamos em nós mesmos. 
Quando algum desconhecido nos diz alguma coisa sem base, sem fundamento, sem coerência, não acreditamos nele. A não ser, é claro, que sejamos muito ignorantes.
Nós desconfiamos de quem vem com conversa fiada pra sima de nós. Ele pode ter algum interesse em nos enganar. Qualquer pessoa razoavelmente experiente e informada tem capacidade de se prevenir contra as inverdades que tentam lhe aplicar.
Se for um conhecido, sabemos se é ou não pessoa digna ou não de confiança e só acreditamos naquilo que for dito por aqueles que sempre nos falaram a verdade.
O mais difícil é nos prevenir contra as mentiras que aplicamos em nós mesmos. Porque de nós não desconfiamos. 
O mais grave é que, tal como o vírus para o qual não temos resistência, é muito perigoso para a nossa saúde, as mentiras contra as quais não temos desconfiança são as que mais facilmente nos iludem.
Esse seria o caso, por exemplo, da mentira que nos é aplicada por alguém que sempre nos falou a verdade. Mas isso é algo um tanto improvável e, portanto, não é um mal tão danoso.
O pior são as mentiras que nós mesmos nos aplicamos. E isso ocorre muito frequentemente.
O mal pode estar em acreditarmos no inacreditável quando isso atende aos nossos interesses.
Vamos a um exemplo. Uma pessoa recebe de um político, antes da eleição, a promessa de um emprego ou outra vantagem no governo. Em virtude disso, ele passa a acreditar em todas as informações negativas que lhes são passadas a respeito do adversário do seu candidato.
Outro fator que nos leva a acreditar em inverdades são os instintos ou os sentimentos que temos dentro de nós. Se temos, por exemplo, inveja de uma pessoa, nossa tendência será acreditar em todas as mentiras que  nos contarem a respeito dessa pessoa.
Se nos sentimos inferiorizados, temos inclinação para menosprezar e chegamos até a tentar humilhar pessoas  mais fracas do que nós. Esse tipo de comportamento é tão comum que já tem denominações consagradas, tais como bullyng (quando é praticada por crianças e jovens) ou discriminação (quando é praticada por adultos, contra minorias tais como negros, homossexuais, judeus, estrangeiros, imigrantes ou migrantes, como os portuguêses e os nordestinos). Sentindo-se fraca ou insignificante, a pessoa que pratica o bullyng ou a discriminação procura mostrar que é mais forte ou importante que aquelas das quais debocha. Como o sentimento de inveja ou de inferioridade (insegurança) vem de dentro da pessoa, dificilmente ela irá aplicar a valiosa vacina da dúvida e será levada a cometer atos deploráveis de agressão contra outras pessoas.
Movidas por mentiras de toda espécie, as pessoas cometem crimes abomináveis e praticam crueldades lamentáveis. É muito importante desconfiar do que nos dizem ou nos disseram no passado. Devemos duvidar das nossas crenças e, principalmente, evitar que mentiras ou crenças equivocadas nos levem a cometer maldades e atos dos quais poderemos nos arrepender depois.



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